terça-feira, 31 de março de 2009

O Inventário da Sensações Perdidas

Desde fevereiro, a peça “O Inventário da Sensações Perdidas” está em cartaz no jardim da Casa de Dona Yayá, um local propício para a peça, próximo à Avenida Brigadeiro Luís Antônio, com um clima tranquilo e calmo, onde temos a sensação de estarmos fora de São Paulo.

“O Inventário das Sensações Perdidas” conta, de forma leve e delicada, histórias de gente comum, habitantes da América Latina, que compartilham a perda das mesmas sensações.

Fizemos uma entrevista com Ronaldo Serruya, diretor da peça e integrante do Grupo XIX de Teatro:

O Teatro do Fubá

Cult Cultura: O grupo Teatro do Fubá foi formado a partir de uma oficina oferecida pelo Grupo XIX, bastante conhecido pelas peças “Arrufos”, indicada ao Prêmio Bravo, “Hygiene” e “Hysteria”.

Como a oficina ajudou na criação da linguagem do Teatro do Fubá?


Ronaldo Serruya: Na medida em que os atores do grupo se encontraram dentro da oficina oferecida pelo grupo XIX, as questões focadas dentro deste trabalho, acabaram sendo aprofundadas no primeiro trabalho do Fubá. O ator-dramaturgo, a literatura como referência para o material dramatúrgico, uma tentativa não–hierárquica de funcionamento, são alguns dos exemplos.

Cult Cultura: Quais as semelhanças e diferenças de linguagem entre os dois grupos?

Ronaldo Serruya: É difícil falar de linguagem de grupo... Nós do XIX estamos sempre nos perguntando se temos ou não uma linguagem... Nossos trabalhos partem de um tema e a partir dele desenvolvemos a melhor forma para trabalhá-lo.

Acho que o teatro do Fubá acaba tendo o Grupo XIX como referência forte por causa da minha figura como diretor, pois na verdade trabalho da mesma forma nos dois grupos. A diferença é o lugar de onde me insiro no trabalho. No XIX, atuo, estou dentro daquela esfera emocional do ator. No Fubá, minha função é o olhar de fora, orientar o material de trabalho.

Dramaturgia

Cult Cultura: A peça “O Inventário das Sensações Perdidas” foi inspirada nas obras do escritor e jornalista Eduardo Galeano. Em uma de suas obras, o autor aponta os aspectos negativos da colonização na América Latina.

Vocês acreditam que essa forma de colonização tenha contribuído para a perda das nossas sensações apresentadas na peça?


Ronaldo Serruya: Claro que sim. A colonização da América Latina foi marcada pelo massacre, pela opressão do diferente. Não foi tranquilo. Não foi generoso. Em nome disso, acabamos perdendo essa raiz, essa força motriz. A tentativa do Galeano como autor é exatamente essa: trazer a luz nossa formação de povo latino, nossas raízes, aquilo de que somos feitos.

Cult Cultura: Além dos livros de Eduardo Galeano, vocês buscaram outras fontes para o desenvolvimento da dramaturgia?

Ronaldo Serruya:
Não. A nossa pesquisa foi a fundo na obra do Galeano. Lemos todos os livros, e claro, acabamos lendo outros autores que falaram sobre a questão da América Latina e da identidade. Mas na dramaturgia da peça, todas as palavras são do Galeano.

Cult Cultura: Depois de todos os estudos sobre as obras de Eduardo Galeano, vocês acreditam que as sensações perdidas sejam semelhantes em todos os países da América Latina ou o espectador conseguirá distinguir, em cada cena, um país em específico?

Ronaldo Serruya: Acredito que há de fato uma identidade latina, uma coisa que nos amalgama. Há um derramamento afetivo, um corpo que pulsa e vibra diferente do europeu, ou do norteamericano. Esse corpo latino, a meu ver, é semelhante nos países vizinhos. É claro que cada país acaba criando seus próprios códigos e especificidades culturais.

Mas o que quero dizer é: se viajo à Argentina ou ao Uruguai, me reconheço numa medida muito maior naquele corpo social do que se viajo para a França ou Inglaterra.

Ambiente

Cult Cultura: Vocês fizeram a primeira temporada do “O Inventário das Sensações Perdidas” na Vila Maria Zélia e esta temporada está em cartaz na Casa de Dona Yayá. A escolha desses espaços alternativos é proposital para a apresentação? Na opinião do grupo Teatro do Fubá, em quais aspectos o espaço pode influenciar o espectador?

Ronaldo Serruya: É proposital sim. Se temos uma história pra contar, é claro que há também um espaço que seja melhor para contá-la. Essa é a idéia de sair do teatro convencional. A descoberta de que a caixa preta pode ser também limitadora.

Fazemos a peça no jardim da Dona Yayá, embaixo das árvores, em cima da terra, em contato com o vento. É mágico, porque todos estes elementos estão presentes na dramaturgia da peça, e ganham vida e sentido próprio ao serem materializados ali, e sentidos de fato pelos espectadores. Potencializa o discurso.

----------------------------------------------------------------------------------
CULT CULTURA NO DIA 11 DE ABRIL
O Cult Cultura está organizando um Grupo para assistir à peça no dia 11 de abril, sábado, às 20h. Todos os leitores do Cult Cultura, nessa data, terão meia-entrada. É importante confirmar sua presença através do e-mail cultcultura@gmail.com, pois a capacidade do Teatro (ou do jardim, como queiram) é de 30 pessoas.

Observação: Se chover, não haverá espetáculo. Portanto, não façam a Dança da Chuva nesse dia!

O Inventário das Sensações Perdidas
Casa de Dona Yayá – Rua Major Diogo, 353
R$20,00 (inteira) e R$10,00 (estudantes, aposentados e blábláblá e, no dia 11 de abril, para leitores do Cult Cultura)
Sábado, às 20h e Domingo às 19h30

sexta-feira, 20 de março de 2009

Conexão Rio – Jerusalém

Há algum tempo atrás estava assistindo televisão e vi uma matéria muito interessante sobre o Centro Cultural Jerusalém, situado na cidade do Rio de Janeiro. Achei muito interessante e resolvi dar uma olhada no site.

Toda essa curiosidade foi despertada quando, na matéria, foi citada a exposição permanente no CCJ de uma maquete, uma réplica fiel da cidade histórica de Jerusalém e que esta era a maior já feita em todo o mundo.

Os dados são interessantíssimos. A maquete possui 736 metros quadrados; demorou cinco anos para ficar pronta; retrata a topografia e arquitetura de Jerusalém do ano 66 depois de Cristo e o material utilizado veio da própria Cidade Santa.

Não sei exatamente o motivo pelo qual a Cidade Maravilhosa foi escolhida para sediar um projeto dessa magnitude, mas imagino que o CCJ será mais um dos grandes chamarizes turísticos da cidade.

Vale à pena dar uma conferida no site. Os amantes da História, da Arquitetura, da Religião irão ficar encantados. Mas não só, o projeto encanta a qualquer um. Para quem tem vontade e não pode ir até a enigmática cidade de Jerusalém, vale fazer uma ponte aérea até o Rio de Janeiro e conferir a obra de arte.

Para mais informações, acessem http://www.centroculturaljerusalem.com.br/ e divirtam-se!

Por Leonardo Cassio - redator publicitário, jornalista e colaborador do Cult Cultura

segunda-feira, 16 de março de 2009

Música boa - Hoje!

Uma das conversas que eu e a Dri (amiga que criou o Cult Cultura comigo) sempre tínhamos em nossos almoços estava relacionada à falta de oportunidade pra quem tem talento. Ela ia a vários shows de bandas dos amigos do namorado dela e ficava indignada por não haver uma quantidade maior de espaços culturais para promover esses novos talentos.

Eu ia a peças de teatro de amigos meus e também ficava indignada pela pouca quantidade de público em espetáculos tão bem produzidos, dirigidos e com atores super bem qualificados.

Em uma dessas nossas conversas, eu comentei sobre uma atriz e cantora que eu tinha achado o máximo: Ana Gilli. O primeiro trabalho dela que eu vi tinha sido "Restos na Geladeira", uma peça de formatura da Turma 55 da EAD - de onde certamente sairão grandes nomes do teatro brasileiro! Depois, vi outra atuação dela em "Ricardo III", dirigido por Celso Frateschi, e algumas cenas no youtube da "Ópera do Malandro", também montada pela EAD, com direção de Iacov Hillel - não cheguei a assistir, mas dizem que esse musical foi um sucesso, com direito a filas intermináveis!

Enfim, por esses orkuts da vida, recebi um scrap para assistir a uma apresentação da Ana Gilli no Bar Brahma. Ela canta MPB, especialmente Elis Regina e Vinícius de Moraes. E eu, que adoro uma boa música, fui lá conferir. Achei o máááximo! No dia seguinte, mostrei um vídeo dela para a Dri, que concordou com meu bom gosto musical!

Então, começamos a nos lamentar por não termos verba para montar uma casa de espetáculos para artistas megatalentosos e sem espaço na grande mídia. Foi então que surgiu a ideia de criar um espaço virtual. Primeiro a gente queria fazer um avatar no Second Life, mas achamos muito difícil essa nova tecnologia. Depois, pensamos em criar um site, mas site também é meio caro. Inscrevemos nosso projeto no VAI, mas não fomos premiadas. Aí cansamos de ficar só no plano das ideias e criamos o blog Cult Cultura!!

E, hoje, é essa atriz-cantora, um dos talentos que nos motivaram a criar o blog, que fará uma apresentação no All of Jazz. Será um tributo a Elis Regina, em que Ana Gilli e banda reviverão deliciosas canções que ficaram marcadas pela voz da eterna Pimentinha.

Eu, obviamente, recomendo:


Tributo a Elis Regina
Ana Gilli e banda
All of Jazz - Rua João Cachoeira, 1366
A partir das 22h
Couvert: R$13,00
Por Thais Polimeni

quarta-feira, 11 de março de 2009

Ref.: Capital Brasileira da Cultura

Acabei de ler uma reportagem sobre a solenidade de entrega do título de "Capital Brasileira da Cultura" a São Luís.

O texto explica que a cada ano é escolhida uma cidade para representar a Capital Brasileira da Cultura. Essa é a 4ª edição do projeto, que já entregou o título a Olinda (2006), São João Del Rey (2007) e Caxias do Sul (2008).

Fonte: Jornal Pequeno

Por Thais Polimeni

terça-feira, 10 de março de 2009

Contagem regressiva

E o Festival de Curitiba está chegando...

Acesse o site do Jornalirismo e leia o texto sobre o Festival, com informações gerais e curiosidades do evento.

É só clicar na palavra "Jornalirismo" aí em cima et voilà!

sexta-feira, 6 de março de 2009

Capital Brasileira da Cultura

Na próxima terça-feira, haverá uma solenidade no Theatro Artur Azevedo, em São Luís, no estado do Maranhão, a fim de que a cidade receba o título de "Capital Brasileira da Cultura".

Eu já ouvi falar que a cidade de São Luís tem um teatro bárbaro e que eles realizam um festival de teatro bastante conhecido no meio artístico. Mas... Capital Brasileira da Cultura?

O título de Capital da Cultura visa valorizar o patrimônio artístico e cultural das cidades eleitas, promovendo-as, dando suporte na realização de eventos e divulgando suas riquezas para todo o resto do mundo. A primeira cidade eleita foi Atenas, na Grécia, em 1985.

Houve um período de candidatura das cidades que tinham interesse em se tornar a Capital Brasileira da Cultura e, depois, um júri constituído por representantes dos ministérios da Cultura e de Turismo e pelo Bureau International de Capitais Culturais escolheu a que julgou ser a mais adequada, no caso, São Luís.

Estava lendo o blog do Pequeno Teatro de Torneado (da peça "Refugo") e, coincidentemente, havia um texto sobre a concentração cultural em São Paulo. Mayra, atriz do grupo, comenta sobre a dificuldade de conseguir uma oportunidade nos cursos/ núcleos onde ela faz entrevistas.

"Estou em São Paulo, que é o maior pico cultural do Brasil, e quando vou fazer entrevista tem gente do país inteiro querendo uma chance também. E não temos vagas para todo mundo, infelizmente. O dinheiro investido em cultura não consegue cobrir os artistas de São Paulo, muito menos os que vem de fora."

Será que São Luís será a Capital Brasileira da Cultura pra desafogar toda essa concentração de peças, cursos e artistas da região sudeste do país? É uma possibilidade... Quem souber qual é a justificativa oficial, por favor, comunique-nos!

Fonte: Site "TV Canal 13"

Por Thais Polimeni

quinta-feira, 5 de março de 2009

Teatro Jovem: Refugo

No próximo sábado (não neste, no outro), haverá uma única apresentação da peça "Refugo".

O Pequeno Teatro de Torneado, grupo que encena o texto escrito por Abi Morgan, dramaturga inglesa, é formado por jovens extremamente talentosos. O espetáculo "Primavera", estreado no Festival de Curitiba de 2008, tinha mais de 3 horas de duração e a plateia assistia a tudo sem o menor tédio.

Desta vez, entra em cena "Refugo", que participou do projeto "Conexões de Teatro Jovem", realizado pela Cultura Inglesa, em parceria como British Council. A peça conta a história de Kojo, um adolescente africano que, aos onze anos vê sua família ser assassinada por guerrilheiros, e aos catorze, é mandado, por um tio, ao Reino Unido.

Lá, Kojo recebe tratamento em um abrigo para crianças refugiadas, onde conhece outros adolescentes como ele e passa por momentos inesquecíveis, em sua maioria, que ele gostaria de esquecer.

A montagem é bem diferente do convencional. O grupo utiliza diversos adereços e o cenário é digno de uma peça com grandes verbas (o que não é o caso...).

Refugo é um excelente exemplo de Teatro Jovem. Uma peça reflexiva e gostosa de assistir.


Refugo
Teatro Commune
Rua da Consolação, 1.218
Sábado, 14 de março, às 18h
R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia)

Por Thais Polimeni

segunda-feira, 2 de março de 2009

Cult Cultura no Catraca Livre

http://catracalivre.uol.com.br/?p=7891


Pra começar a semana com o pé direito, saiu uma matéria sobre o Cult Cultura no site "Catraca Livre".

Esse site é atualizado diariamente e tem uma equipe é bem completa: tem jornalista, sociólogos e produtores. Lá, são divulgadas atividades culturais de fácil acesso à população, ou seja, atividades, em sua maior parte, gratuitas - daí o nome "Catraca Livre" -, além de dicas de leitura, divulgação de editais e textos complementares.

Em linhas gerais, o "Catra Livre é uma experiência de jornalismo comunitário para transformar a cidade numa constante experiência de aprendizado - e não só para uma elite, mas para todos". Quem leu esse trecho e identificou algumas idéias do Gilberto Dimenstein... Bingo! O site foi criado por ele, onde hoje atua como coordenador pedagógico.

Vale a pena colocar nos seus favoritos!

E aí vai a notícia sobre o Cult Cultura: http://catracalivre.uol.com.br/?p=7891

Por Thais Polimeni