segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Prenez soin de vous


No meu último fim de semana de “férias forçadas”, fui ver a exposição Cuide de Você, de Sophie Calle. O objeto que deu origem a isso tudo foi uma carta de fim de relacionamento. Para ser mais precisa, um e-mail com o qual o ex-namorado de Sophie terminou o namoro. Tentando entender e digerir essa atitude e numa alternativa para sublimar sua dor, Calle distribuiu essa carta para que 104 mulheres pudessem interpretá-la de acordo com suas respectivas profissões.

Não conheço a história em que se baseou esse fim e de maneira fria, sem saber mais sobre os protagonistas desse sad end, ousaria dizer que não houve culpa, nem coitados, tampouco pessoas insensíveis – como muitas das 104 sugeriam em suas argumentações, acusando o tal ex.

Acho que todo fim de romance causa alguma ou muita dor. E o fato de o fim ter-se feito através de palavras para serem lidas, pode apenas sugerir uma certa covardia, pois dessa maneira, não seria necessário ouvir as palavras do outro. A única saída seria aceitar a situação.

Sem sair em defesa daquele que impôs o fim, é triste esse olhar sob o aspecto feminista, com o orgulho ferido estampado de ódio. E desse modo, não me estranha que o maniqueísmo seja um dos maus de nossa sociedade que ainda permanece intrínseco em nossa capacidade de pensar o outro.

Talvez as mulheres sejam sim, dotadas de mais sensibilidade com os sentimentos humanos, do mesmo modo que sentem de maneira mais íntima a dor alheia. Por outro lado, ao ser atribuída a elas essa responsabilidade de dizer sua reação sobre um rompimento que não foi seu, abre-se caminho para um massacre coletivo ao sexo masculino. Será que em algum momento alguém pensou como eles interpretariam esse fim?

Embora saiba o quanto é difícil admitir a rejeição, acho que o mais importante é manter viva a vontade de sentir algo pelo outro e para o outro. Saber como sobreviver a essas situações nos faz sentir mais fortes e menos suscetíveis a possíveis novos enganos do coração. Talvez a solução seja não esquecer de dizer o quanto amamos uma pessoa e não nos arrependermos disso quando essa não for mais especial um dia. Talvez o "Cuide de Você", não seja apenas um “cuide da sua vida”, mas sim, “cuide de você da maneira que você merece e eu não soube fazê-lo”...

Ainda dá tempo de ver:

Até dia 07 de setembro, no Sesc Pompéia.
Saiba mais em http://www.sophiecalle.com.br

Para ver mais fotos da exposição, clique aqui

Por Carol Kaizuka, texto e foto

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Audiovisual brasileiro em destaque

A Associação Cultural Kinoforum foi fundada há 14 anos e tem como missão apoiar o desenvolvimento da linguagem e da produção cinematográfica, com destaque para a promoção do audiovisual brasileiro.

É uma entidade sem fins lucrativos e responsável por diversos eventos bacanas, como o 20º Festival Internacional de Curtas-Metragens de Sao Paulo. Além disso, realiza oficinas e programas que enriquecem o setor audiovisual brasileiro.

Visitem o site da entidade, participem dos eventos, do blog e das enriquecedoras atividades!

Por Leonardo Cassio

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Festa dos Anos 30

Neste sábado, a partir das 23h, acontecerá a 2ª Edição do Baile Esplendor.

Com o apoio da Barbarela Art e do Brechó Vó Judith, a Agência Alavanca realiza uma festa com muita música, drinques de época e trajes de gala no point de São Paulo: a Livraria da Esquina.

O DJ no comando será o Seu Osvaldo, nada menos que o primeiro "disque-jóquei" do Brasil! A música ao vivo fica por conta do Numismatas e do Conjunto Seleções. Este último conjunto vem de Curitiba especialmente para o Baile. É formado por jovens músicos que relembrarão canções de Assis Valente, Django Reinhardt, Billie Holliday e Andrew Bird.

Vai ser uma festa diferente, que não acontece todo dia. Por isso, vale a pena voltar no tempo e se divertir como nunca!!!

Baile Esplendor: Quando Os Ponteiros Se Encontram À Meia-Noite
Shows: Conjunto Seleções e Numismata
Discotecagem: Seu Osvaldo (primeiro DJ do Brasil), Pamela Leme (Alavanca) e Stephanie Fernandes
Sábado, 29 de agosto, a partir das 23h
Livraria da Esquina: Rua do Bosque, 1.254 – Barra Funda – São Paulo, SP
R$ 10 (lista: esplendor@alavanca.art.br) e R$ 15 (porta)
Estacionamento conveniado ao lado (R$ 10)
(11) 3392-3089

Produção: Agência Alavanca

Por Thais Polimeni

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Curte Mundo Livre S/A? Se liga nessa:

A banda Mundo Livre S/A é uma das fundadoras do Manguebeat, um movimento musical que surgiu na década de 90 e que mistura ritmos regionais com rock, hip hop e música eletrônica.

Este ano, essa inusitada banda comemora 25 anos de estrada e 15 do lançamento de seu primeiro CD - Samba Esquema Noise. Dando continuidade à diversificação e inocação, ela convida seus fãs a participar diretamente na elaboração dos shows da turnê comemorativa do aniversário de um dos discos mais influentes da música brasileira.

A ideia é que, durante os shows, imagens projetadas em telão ajudem a contar a trajetória da banda. Os fãs podem enviar, até o dia 31 de agosto, imagens de shows, fotos da banda, entrevistas, vídeos ou qualquer outro material relativo ao CD Samba Esquema Noise ou à MLSA, através do e-mail sateliteproducoes@gmail.com.



Por Thais Polimeni

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pontos de Cultura - Edital aberto

Até o dia 24 de agosto, estará aberto o Edital para os Pontos de Cultura de São Paulo.

Pontos de Cultura são locais onde são oferecidas atividades culturais gratuitas para a população.

Podem participar do concurso associações, sindicatos, cooperativas, fundações privadas, escolas caracterizadas como comunitárias, associações de pais e mestres, ou organizações tituladas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), Organizações Sociais (OS) e Pontos de Cultura. As instituições devem estar sediados e exercer atuação comprovada na área cultural há pelo menos dois anos no Estado de São Paulo.

O repasse dos recursos às instituições que tiverem seus projetos selecionados será de R$ 180 mil, ao longo de três anos.

Veja mais detalhes do Edital: clique aqui

Por Thais Polimeni

O Cult Cultura agradece as informações enviadas por Vivian Elaine Mello de Oliveira

FOTO: Ceumar, Rubi e Leo Cavalcanti


Há 10 anos, o Sesc divulga os novos talentos da música brasileira no projeto Prata da Casa.

Até o dia 22 de agosto, o Sesc Pompeia recebe em seu teatro, grandes nomes revelados pelo projeto.

No dia 9 de agosto, o público pôde conferir a doce voz de Ceumar, o gingado de Rubi e as maravilhosas composições de Leo Cavalcanti, acompanhados por uma banda fenomenal!

Veja as fotos: Clique aqui

Confira a programação da Prata da Casa: Clique aqui

Por Thais Polimeni

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Tributo a Vinícius de Moraes

Ana Gilli, ao lado de Leandro Brenner (violão), Fernando Teflon (percussão) e Marina Franco (poesias), realiza um show em tributo a Vinícius de Moraes.

HOJE, 17 de agosto, a partir das 22h, no All of Jazz, os artistas reviverão as canções e versos do grande poetinha.

Tributo a Vinícius de Moraes
Ana Gilli, Leandro Brenner, FErnando Teflon e Marina Franco
All of Jazz - Rua João Cachoeira, 1366
Tel: 11 3849-1345
A partir das 22h
Duração: 110 min
Valor: R$10,00 (couvert)


Veja os últimos posts já publicados no Cult Cultura, sobre a Ana Gilli:

Tributo a Elis Regina: http://cultcultura.blogspot.com/2009/03/musica-boa-hoje.html
Fotos: http://cultcultura.blogspot.com/2009/05/foto-ana-gilli.html



Por Thais Polimeni

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

G.I . Joe - A Origem da Cobra

Sim, estamos todos cansados de saber que precisamos de super-heróis. Precisamos do Batman, do Super Homem, do Homem Aranha, Homem de Ferro, Chapolin e de tantos outros. Mas até quando, meu Deus do Céu? Para sempre, de certo.

Bom, o ano de 2009 não está sendo tão legal para os blockbusters de super-heróis. Tivemos 3 até então: "X-Men Origens: Wolverine", que foi uma verdadeira decepção; "Transformers 2 – A Vingança dos Derrotados", que foi um pouco pior que o primeiro e "Harry Potter e o Enigma do Príncipe", que foi um semimico, deixando bem claro que eles foram falhos do ponto de vista artístico, de conceitos técnicos, de rebuscamento de roteiro, primor de direção, de fidelidade aos antecessores, e de outros detalhes. Mas como diversão, são suficientes.

Agora é a vez de "G.I. Joe – Origem da Cobra" invadir as telonas. O filme dá vida aos famosos bonequinos da Hasbro, conhecidos no Brasil como “Comandos em Ação” e que fizeram um megassucesso na década de 80, transformando a empresa criadora em um verdadeiro império dos brinquedos. Os tais bonequinhos são mais famosos para as crianças e adolescentes do sexo masculino dos anos 80, pois os guerreirinhos eram a versão oposta da boneca Barbie, feita especialmente para as meninas delicadinhas, que sugavam as carteiras de seus pais, assim como fizeram também os meninos, que queriam ter os Joes em mãos.

Bem, se o filme é baseado em bonecos de ação feitos especialmente para se ganhar dinheiro, muito dinheiro, não se pode esperar outra coisa do filme. É um entretenimento raso, no sentido artístico novamente, que tem como objetivo lucrar em cima de personagens que estão em certo ostracismo. E a Hasbro agradece.

Os G.I. Joe, comandados pelo General Hawk, interpretado por Dennis Quaid, (fazem parte do elenco, também, Channing Tatum, Marlon Wayans, Joseph Gordon-Levitt, Adewale Akinnuoye Agba, o Mister Eko de Lost e Brendan Fraser, que faz uma pontinha especial, além de outros) são um esquadrão secreto, de nacionalidades distintas, mas liderados por americanos, obviamente, e que tem como missão manter a ordem no planeta. Quando um tal dono das empresas MARS, que vem de uma linhagem de antepassados negociadores de armas, sendo que um deles em especial foi torturado por vender os artefatos para os dois lados de um conflito, cria uma tipo de arma letal, que pode devastar grandes cidades do planeta, os Joes são colocados a prova para combatê-lo.

Apoiados em alta tecnologia, os Joes descobrem uma trama complexa, que envolve dinheiro da Otan, tecnologia de ponta e muita ambição. O desdobramento disso é o surgimento de uma perigosa organização, conhecida como Cobra e que tem Destro como um dos principais vilões.

O que esperar de um filme desses? Ação, pancada e explosão. Nada mais. Os diálogos são rasos, os desdobramentos simplistas e previsíveis. É um entretenimento, como dito antes, que usa fórmulas prontas do gênero. E dá certo. Dos blockbusters desse ano, G.I. Joe leva vantagem. Pequena, mais leva.

Os efeitos especiais são um chamativo do filme, certamente. No entanto, em algumas cenas elas ficam tão artificiais que estragam. Há um exagero também nos flashback utilizados, pois muita coisa é dedutível, fazendo as digressões serem desnecessárias. Porém, o filme é dinâmico mesmo com esse exagero, prendendo o telespectador. Como não há outros chamarizes além da ação e dos efeitos, o filme obtém êxito em sua montagem, em seu frenesi, deixando as pessoas realmente presas ao que vai acontecer.

Mas o público deve ser compreensivo. O diretor de G.I. Joe é o mesmo dos filmes "A Múmia", que são razoáveis, e de "Van Helsing – O Caçados de Monstros", esse sim, ruim que dói! Portanto, este trabalho dele pode ser considerado uma evolução.

Finalizando, o filme é interessante para quem gosta dos bonecos, para quem gosta de filmes de ação ou para quem está nervoso e quer algo que distraia. Não é um exemplar da sétima arte. É um produto de consumo, e nesse quesito ele atende as expectativas.

Confiram o trailer:

Por Leonardo Cássio

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Grátis: Música no domingo

Neste domingo vai rolar a Estação Catraca Livre, uma iniciativa do site Catraca Livre, com o objetivo de proporcionar atividades culturais gratuitas para os interessados em música, artes plásticas, fotografia e teatro.

Organizado mensalmente, a Estação Catraca Livre deste mês é dedicada à música. O público se deliciará com a doce voz de Tulipa Ruiz, acompanhada de seu pai Luiz Chagas e de seu irmão Gustavo Ruiz. Em seguida, às 19h, conhecerá o Projeto Coisa Fina, uma banda que visa divulgar grandes compositores, promovendo a fusão entre canção e música instrumental, Jazz, Baião, Samba e Maracatu.

Veja abaixo os vídeos de Tulipa Ruiz e do Projeto Coisa Fina:

Tulipa Ruiz



Projeto Coisa Fina



Estação Catraca Livre
Dom 09/08
GRÁTIS
Tulipa Ruiz: 16h
Projeto Coisa Fina: 19h
Centro Cultural Rio Verde
Rua Belmiro Braga, 119 - Pinheiros
Tel. (11) 3459-5321

Fonte: Catraca Livre

Por Thais Polimeni

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Cinema: À deriva

"À deriva" é um filme sobre relacionamentos, contado através dos olhos de quem ama. É daqueles filmes que você não vê o tempo passar, que quando acaba, você continua sentada na cadeira do cinema, estática, muda, refletindo. Você reflete sobre o que acabou de ver e sobre sua vida.

O diretor Heitor Dhalia descobriu o ponto certo. Durante 103 minutos, vemos cenas de todos os tipos: Relacionamento entre irmãos, entre casais, entre amantes... As brincadeiras de criança, os segredos, as discussões... O primeiro beijo, a primeira vez... As decepções, os “não”, os “sim”, os “talvez”... As cobranças, o dinheiro, as descobertas, as traições... O primeiro amor, o amor verdadeiro, o amor incerto, o atual: “Será que vale a pena apostar tudo em um novo amor? Deixar o amor antigo - que você um dia acreditou ser o verdadeiro -, os filhos, seu lar? E se esse novo amor realmente for o amor da sua vida, sua alma gêmea? Vai desperdiçar a oportunidade de ser feliz temendo o julgamento da sociedade?”. A gente se vê naquelas cenas, naquelas férias que simbolizam a nossa vida. É peculiar, singular. E não triste, como muitos dizem.

O elenco foi escolhido a dedo. Laura Neiva, a protagonista, tem 15 anos e é estreante no cinema. Foi surpreendente! A escolha do francês Vincent Cassel foi perfeita. Deu um toque especial à filmagem. Ao lado de Debora Bloch, eles formam um casal maduro, real, aberto a novas opiniões e pronto para discussões. Nesse papel aparentemente simples, Debora Bloch foi essencial, acertaram em cheio! Aliás, muitos pontos positivos para os produtores, que fizeram um belo trabalho de casting, utilizando redes sociais e apostando em novos talentos (Laura Neiva foi descoberta pelo Orkut e nunca havia atuado antes).

A história é ambientada em Búzios, Rio de Janeiro. Em uma das críticas que li, o jornalista dizia que “o filme abusa de tomadas que mostram o mar, a areia, as pedras, sempre em ângulos bem abertos e cheios de texturas, como que implorando para que o espectador ache tudo muito belo” e que “... É exatamente por se esforçar tanto para deslumbrar que “À deriva” acaba por revelar sua engrenagens, pensadas para agradar e facilitar para o público”. Sinceramente, achei tudo na medida certa. A fotografia é linda, sim, a textura foi muito bem aplicada, sim, e é, sim, tudo muito belo. Não vejo problema nenhum nisso. A preocupação em agradar o público deveria ser elogiada, e não tão criticada!

É, talvez eu tenha me deslumbrado com o filme. Mas é que, tendo em vista que o Heitor Dhalia havia dirigido “O cheiro do ralo”, eu fui esperando um filme mais “hard”, mais “papo-cabeça” e quando cheguei ao cinema, me deparei com um roteiro delicado e brilhantemente produzido e dirigido. É especial.

Enfim, motivos não faltam para assistir ao “À deriva”, seja para ver a paisagem de Búzios ou para se deliciar com a indiscutível atuação dos atores. Não preciso nem dizer que eu recomendo, né?

Veja o trailer abaixo e comprove no cinema:


Para mais informações, acesse: www.aderivafilme.com.br

E eles também têm blog, comunidade no Orkut e Facebook! Acessem!

Para ver os horários de exibição em São Paulo: clique aqui

Por Thais Polimeni

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Cinema: Inimigos Públicos

Após o Crash de 1929, que gerou a Grande Depressão nos Estados Unidos, a criminalidade tomou conta da cidade de Chicago. Havia um desolamento enorme, uma desesperança entre a população americana. O ano era o de 1933. John Dilinger (Johnny Depp) era um bandido temido, que comandava uma quadrilha especializada em roubo a bancos. O crime organizado dava seus primeiros suspiros e muitos bandidos como Dilinger aproveitaram a onda de ódio que pairava contra os bancos, uma vez que o sistema financeiro foi apontado como um dos responsáveis pelo Crash, e roubavam, tomando cuidado com a opinião pública, para que esta se não os apoiasse, ao menos não os reprovasse. É nesse contexto que se desenrola "Inimigos Públicos".

Dilinger, ou John, como gostava de ser chamado, executou diversos roubos com sucesso. Transformou-se em figura icônica, uma espécie de anti-herói, que desafiava a Lei sem medo de ser detido. Quando um dos grandes da polícia de Chicago, J. Edgar Hoover (Billy Crudup) recrutou Melvin Purvis (Cristian Bale), que havia ganhado notoriedade por ter matado outro bandido de renome, Pretty Boy Floyd — em cena de perseguição reconstituída em "Inimigos Públicos" — a imprensa e opinião pública acreditavam que Dilinger e sua turma estavam por ser dizimado em pouco tempo. Ledo engano.

Hoover e Purvis foram alguns dos personagens que preconizaram o surgimento do Federal Bureau of Investigation, o famoso FBI, existente até hoje e que surgiu como forma de resposta ao crime organizado que nasceu na década de 1930. Purvis, gozando da bajulação da mídia, promove uma caçada intensa ao bando de John, estudando meticulosamente como caçá-lo. A trama transforma-se num verdadeiro jogo de xadrez, em que cada peça é estudada a exaustão antes de um movimento.

Enquanto Purvis se desdobrava para prender o bandidão, este fazia planos de imigrar para outro país, junto com sua amada. Cuba, Rio de Janeiro... Porém, vida de bandido não é fácil. A fuga torna-se mais difícil graças à atuação da polícia. Trava-se então uma batalha sangrenta entre os comandados de John e de Purvis, até o desfecho conhecido, já que esta é uma história real.

"Inimigos Públicos" possui uma enormidade de destaques. O roteiro, executado por Ann Biderman, Michael Mann e Ronan Bennett, é preciso na construção da ação do filme e na reconstrução do “cenário da época”. E o que dizer do primoroso trabalho de cenografia e fotografia? Os elementos técnicos citados dão ao filme um caráter artístico impressionante. O figurino da época é detalhado, muito bem feito, e a fotografia consegue potencializar o trabalho por ele [figurino] produzido.

O diretor Michael Mann (Ali e Miami Vice) e seu diretor de fotografia Dante Spinotti conseguem utilizar a fotografia como elemento participativo no longa. Em certas cenas, a iluminação contrasta com pequenos detalhes visuais, ressaltando expressões que passariam despercebidas em outras condições. Tudo isso ganha maior destaque quando se contesta que a filmagem foi realizada em câmeras digitais, HD, que dão maior realismo e definição à imagem. Somados a isso (sim, existem mais recursos utilizados de forma brilhante) há a câmera inquieta e introspectiva de Mann, que trabalha colada aos rostos de John Dilinger e Purvis, captando suas emoções (quando elas existem, pois os personagens são frios e meticulosos) de forma brilhante, brilhante.

Johnny Depp dispensa comentários. Sua versatilidade é inquestionável. O cara é bom. Ele confere um tom de sarcasmo disfarçado ao personagem que nem todo ator, por mais que fosse bom, conseguiria. É um bandido, sim, que os telespectadores torcem por sua “vitória”, que compartilham de sua angústia, mesmo ele roubando e matando. Bale interpreta o oposto, o lado da lei, Purvis, que não empolgava a população de Chicago. Na verdade, esse aspecto trabalhado em "Inimigos Públicos", esse comportamento social, é muito interessante. As pessoas saem da sala de cinema torcendo pelo fora da lei, afinal ele faz coisa que desafiam as regras, coisas que grande parte das pessoas gostaria e fazer e não tem coragem...

É necessário pontuar o uso do silêncio em algumas cenas, substituindo efeitos sonoros ou trilha. É bacana notar como o silêncio, em meio a um tiroteio, por exemplo, é angustiante. Como ponto fraco, fica o casting de atores secundários, que são de difícil identificação (você não sabe exatamente quem é quem).

Para finalizar, a divulgação deste período histórico é positiva, pois a recessão daquela época fez surgir tantos vilões e anti-heróis. E a crise de hoje, fará algo parecido?

Veja o trailer de "Inimigos Públicos":

Por Leonardo Cassio

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Audiovisual em questão

Mesa Redonda: O futuro do cinema. Foto: Divulgação

Está na moda falar em novas mídias hoje em dia. São cada vez mais populares sites de compartilhamento de vídeo como o YouTube, games para celular... São telas para todos os lados. Como manter produção constante e de boa qualidade para esse tipo de meio ainda é uma questão que precisa ser muito discutida.

Um dos assuntos abordados da mesa redonda “O futuro do cinema”, coordenada por Arlindo Machado, foi justamente a quebra do modelo tradicional de produção audiovisual no Brasil. Com o advento da tecnologia, fica cada vez mais fácil com que pessoas comuns possam desenvolver conteúdos razoáveis em vídeo.

Ao ser questionado sobre a grande produção de material de suposta baixa qualidade nessas condições amadoras, o cineasta Kiko Goifman citou trecho de uma entrevista dada por seu colega e documentarista Eduardo Coutinho: “É claro que 90% do que for feito vai ser ruim. Se você pegar a história do cinema, 95% dos filmes que foram produzidos não são bons”. Dessa maneira, é mais provável que, sendo maior o fluxo de produção de conteúdo, mais produtos interessantes do ponto de vista criativo e estético poderão emergir.

Arlindo salientou, no entanto, o suposto medo que a indústria do audiovisual tradicional tem em relação às novas tecnologias, visto que o arquivo digital é mais fácil de ser pirateado. Esse seria um dos maiores empecilhos para que a produção em novos formatos ainda encontre certa dificuldade de se estabelecer, na economia, como um padrão viável para os patrocinadores e investidores no meio.

Seja com produções profissionais ou amadoras, o mercado mostra-se otimista. Como ganhar dinheiro com isso (ou ao menos poder sobreviver dessa maneira) é que realmente não descobrimos ainda...


Por Carol Kaizuka