quarta-feira, 27 de maio de 2009

Vicky Cristina Barcelona

Woody Allen é fantástico. E ponto final. É um grandes diretores — e dos poucos — que consegue escrever filmes simples, no sentido de tramas construídas a partir da vida cotidiana, de conflitos humanos, mas que são memoráveis, hipnotizantes, ímpares.

Vicky Cristina Barcelona (2008) se encaixa em todos os adjetivos acima e em muitos outros positivos. É um filme despretensioso, charmoso, reflexivo, vagando entre o drama e a comédia, assim como Melinda & Melinda (2005), também de Allen.

O filme se passa na cidade de Barcelona. As amigas Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) resolveram passar férias na cidade catalã; a primeira por estar estudando artes, achar a cidade ideal para seus objetivos e também por ter estada lá com um casal de amigos, e a segunda por não ter muito que fazer. Suas personalidades são distintas e são pontos-chave para o entendimento do filme: enquanto Vicky, que está noiva, é uma mulher segura, focada e nada chegada a aventuras malucas, Cristina é o seu oposto, sendo impulsiva, descomprometida e chegada a experiências novas.

Ao conhecerem Juan Antonio (o sempre ótimo Javier Bardem), pintor famoso pelo seu talento, mas muito também pelo seu conturbado divórcio com Maria Elena (Penélope Cruz – vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante), as amigas começam a colocar seus valores morais em conflito, principalmente quando o assunto é relacionamento.

Os diálogos apresentam pontos de vista sobre aventuras amorosas, fazendo questionamentos precisos e intrigantes. Porém, o mais legal disso tudo é quanto mais se conversa a respeito, quanto mais se defende um ponto de vista, menos se chega a um senso comum e alguns dos personagens acabam traindo seus ideais, comprovando que quando o assunto é amor não há lógica alguma que o conduza. O amor é louco, incoerente, e nada mais.

Quando Maria Elena se junta à trama, o longa ganha mais força e fica cada vez mais insano. Não existem previsibilidades, não há como saber o que irá acontecer com os personagens. É um jogo complexo, tal qual são os relacionamentos. Vicky Cristina Barcelona é um grande filme, não daqueles que marcam época e tal, mas um filme conciso, que reflete a vida, assim como um conto de Nelson Rodrigues.

A cidade de Barcelona, com toda sua elegância, contribui muito com o espírito do filme. É um ambiente, pelo que foi mostrado no filme, propício aos eventos acontecidos. É uma cidade sensual.

Por mais que pareça contraditório, Vicky Cristina Barcelona é ao mesmo tempo um divertido drama e uma triste comédia. Coisa de Woody Allen.

Por Leonardo Cássio

Um comentário:

Acássia Deliê disse...

E aí, gostei do blog! Vi teu link lá no Palavra Desenhada, que saiu na Bravo. Aceita trocar o link comigo?