terça-feira, 23 de junho de 2009

O Reino

A indústria do petróleo, os conflitos no Oriente Médio, a relação antiga entre Estados Unidos e Arábia Saudita. Esses são temas abordados em uma quantidade enorme de filmes, cada um com um objetivo, já que esses assuntos rendem uma ótima prosa.

O Reino (The Kingdom, 2007) é um filme predominantemente de ação que busca, nessas pesadas questões políticas, ser um filme denso, provocativo e questionador. Não consegue. É um filme de ação.

O início do filme é bem interessante, sendo uma aula dinamizada da relação entre Estados Unidos e Arábia Saudita. Os pontos vitais abordados são a Crise do Petróleo e os atentados de 11 de Setembro. Porém, toda essa exposição informativa perde força quando o filme, que tinha cara de contestador, se concentra na ação, única e exclusivamente.

A trama se concentra na Arábia Saudita. Durante um jogo em um local habitado por americanos, dois homens começam atirar impiedosamente nas pessoas que estavam se divertindo. Após o acontecido, uma onda de explosões se intensifica e, após a morte de um dos membros do FBI, um grupo se articula para ir ao país saudita, visando esclarecer o que houve. Na verdade, eles buscam vingança, mas o discurso vai disfarçado...

Após uma série de contratempos e empecilhos burocráticos, Ronald Fleury (Jammie Foxx), Grant Sykes (Chris Cooper), Adam Leavitt (Jason Bateman) e Janet Mayes (Jennifer Garner) conseguem, como diz a frase chavão, burlar o sistema e partir para o Reino do Petróleo.

Em território desconhecido, o quarteto é obrigado a se submeter às imposições dos policiais locais, que em pouco tempo se rendem aos pedidos do grupo do FBI. A partir de então, tudo previsível: uma série de bombas, tiros, porradas. O filme seria excelente, se não fosse a cilada na qual muitos diretores — no caso aqui, Peter Berg — caem: a de transformar os americanos em coitados que fazem justiça, sendo eles a própria lei, a verdade eterna, os sempre corretos, os mais inteligentes, os senhores da razão, enfim... A Liga da Justiça. Isso é chato. Muito chato.

No entanto, como filme de ação, O Reino funciona muito bem. Tem todos os elementos necessários a um longa deste estilo. O problema foi querer conferir à trama uma cara política, que fica perdida logo após o primeiro trecho filme. Pode-se destacar como ponto forte a atuação de Jammie Foxx, que já havia mostrado potencial em outros filmes de ação, como Miami Vice. Mas isso não é suficiente para tornar o Reino em um grande filme. Ele naufraga justamente no seu ponto central: a de querer justificar justiça pelo viés da vingança.

Por Leonardo Cassio

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