segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Cinema: Salve Geral

O ano de 2006 foi peculiar para os paulistanos. A maior cidade do país se viu assolada devido a uma onda de ataques orquestrados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) que, de maneira surpreendente devido ao nível de organização, incendiou ônibus, delegacias, bases policiais, bancos e lojas comerciais em geral.

É nesse contexto caótico que o filme Salve Geral (2009) se desenvolve. Com direção e roteiro de Sérgio Rezende (roteiro escrito em parceria com Patrícia Andrade), o longa metragem é um misto de ficção com realidade, que narra a história de Lúcia (a excelente Andréa Beltrão), professora de piano que passa por dificuldades financeiras e se vê encurralada quando seu filho adolescente Rafa (o ator Lee Thalor, pupilo do aclamado Antunes Filho) é preso após uma confusão ocorrida em um racha de carros.

Como é de se esperar, Lucia, uma representação da maioria das mães, começa uma corrida implacável para aliviar o sofrimento do filho e para tirá-lo da penitenciária o quanto antes. Nessa busca, ela acaba conhecendo a Ruiva (a estranha e genial Denise Weinberg) e acaba entrando em um jogo perigoso, que se desenrola no bojo do PCC, exatamente no período em que os atentados ocorreram.

Salve Geral é, portanto, uma novela ficcional que tem como pano de fundo uma história real. É um filme denso, mas que tem elementos batidos que dão certa irritabilidade. Claramente o filme possui fórmulas comerciais para concorrer a prêmios e, não à toa, a comissão do Ministério da Cultura o escolheu como representante brasileiro na briga para disputar uma vaga no Oscar.

Claro, o filme possui muitas coisas boas: uma trilha sonora de abertura linda, uma fotografia de São Paulo, incluindo tomadas aéreas e noturnas maravilhosas, atuações muito competentes, além de ter, repito, uma densidade de enredo muito bacana. Ademais, o filme é interessante por colocar em cheque a ética e valores morais quando uma pessoa se vê sem saídas, quando o que mais importa é salvar sua própria vida e de seu filho. Nesse sentido, o filme é assertivo: não há floreios e nem frescuras; os personagens agem da forma que precisam para sobreviverem e ponto.

O grande problema do filme é justamente o uso de elementos batidos como, por exemplo, uma cena de perseguição da polícia a Rafa e um detento. Estes, para despistarem os policias, sobem com o carro em uma carreta, destas que transportam os carros às concessionárias, e esperam os policiais passarem, num clichê hollywoodiano absurdamente irritante. O grande problema do filme, em suma, é sua previsibilidade. Não há grandes mudanças, surpresas, é tudo muito mastigado.

Salve Geral é um filme bom. Tem coisas ruins, é fato, mas não deixa de ser interessante em momento algum. Primeiro, pelo tema. Segundo, pelos pontos positivos destacados. Terceiro, porque é mais uma obra made in Brazil. O objetivo da equipe de Salve Geral é claro: se expor lá fora e disputar prêmios. O filme tem tudo para ser um sucesso de público aqui no país e ter boa receptividade no exterior. Resta saber, apenas, se Salve Geral será uma obra discutível pelo seu teor artístico ou pela violência que ele retrata, inerente à produção artística brasileira.

Confira o trailer do filme:


Confira mais infos sobre Salve Geral no site oficial: http://www.sonypictures.com.br/Sony/HotSites/Br/salvegeral/
Por Leonardo Cassio

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